Ganso Gracioso

Um Ganso repleto de amor para dar.

Saturday, November 04, 2006

A Cena Invisível de Recife

Não sei como devem se sentir os músicos das bandas locais de Recife. Talvez, da mesma forma que Sísifo, realizando uma tarefa da inutilidade.

Recentemente saiu uma matéria enorme na Continente sobre Le Bustier En Decadence, Mombojó, Profiterólis, Barbies, e outros nomes da inutilidade musical. O que essas bandas não entendem é que absolutamente ninguém em Recife as escuta. Nunca vi Mombojó tocar em lugar nenhum - a não ser em eventos de cunho altamente institucional, onde o apadrinhamento vale tudo.

A sonoridade de todas elas é péssima. Antes os músicos eram escolhidos em festivais, o sujeito, no mínimo, deveria tocar bem seu instrumento. Hoje não, tudo é indicação. Direção de cinema é indicação, jornalismo é indicação, teatro é indicação, estamos num mundo de predestinados.

O irônico é que por mais que os jornalistas da cena local tentem impulsionar esses nomes incompetentes, nada acontece. Eles insistem em enfiar guela abaixo os vocais terríveis do Mombojó. As letras pueris de quem utiliza o minimalismo para desculpar a incompetência. Mas não adianta, nada acontece.

Perguntem a qualquer recifense: cante um refrão do Mombojó. Não adianta, não pega. Todos os dias sai no jornal alguma notinha sobre esses grupos, mas não tem jeito.

Será que foi preciso esse mesmo esforço para levantar Chico Science? Creio que não. Será que Sísifo teve que empurrar aquela pedra tantas vezes ladeira abaixo para levantar o Chico Science? Será que Lenine foi tão forçado assim?

A cena atual de Recife não é pós-mangue, é invísivel - igual as cidades imaginárias de Ítalo Calvino. Ninguém vê NADA! E não é aquele Nada de Émile Cioran, tampouco o Nada construtivo de Bachelard, ou aquele que preenche o ser de Sartre. É um NADA que fede a lixo e incompetência.

Pelo amor de Deus, arrumem bons vocalistas e bons compositores.

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